Um
mísero instante
É o
tempo suficiente para a vida tomar rumo diferente daquele planejado.
Talvez
os motivos que te fizeram amar intensamente
Sejam
os mesmos que te façam tomar uma xícara de café
Olhando
a paisagem pela janela da casa vazia.
E
mesmo que encontre sorrisos meigos na multidão de estranhos
Carregará
consigo a desconfiança no olhar.
Sejam
as flores que murcham na varanda por falta d’água
Ou ainda pela cama bagunçada
A
chave sempre estará trancando a porta.
Por
acaso franqueie a entrada a alguém,
Não
servirá jamais um refresco na ânsia que logo se despeçam
E
ainda não cumprirás a gentileza de agradecer a visita.
Não
que todos culpados cometam o mesmo crime
Mas
é importante manter grades nas janelas da alma.
Um
dia permita a si mesmo receber o buquê de flores do entregador
Mas
não leia o cartão
Prefira
que o anônimo não se transforme no algoz do seu coração
E
mesmo que caia em tentação e leia
Tape
os ouvidos para não ouvir as mentiras vindouras
Pois
achegam-se assim
tão
lindos e perfeitos, tão cheios de nós
Que
nos completam
Mas
aquilo que não é de si mesmo se esvaire aos poucos
Pelos poros abertos do
cansaço da rotina.
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